9.27.2009

longe de mim...

entorpecido por uma nostalgia que não se explica...

um sentimento angustiante, um devaneio inevitado. batida com a mão no peito.
diz-me, fala-me, mostra-me. qualquer coisa. tira-me daqui. tira-me a venda. me deixa correr.

não consigo. eu não consigo abrir a boca. meus olhos estão marejados... e eu nem sei por quê! só preciso respirar...

sim, respirar. talvez seja a solução. eu preciso.

morrer.

3.23.2009

o mundo e o fim...

talvez o que eu disser não faça diferença
e nem o que eu fizer mude algo
alguém percebe que o limite não é o fim
que o amor não é o que esperamos
e que ter a felicidade não é ter tudo.

a vida nos engana, se é que existe uma vida
e o mal talvez não exista,
que seja apenas um lado da vida pelo qual não optamos.

muitos Vivem uma vida de otário
determinada pelos subterfúgios mais comuns
são essenciais, veja bem.

pensemos numa realidade
num começo inverso
um início sem fim.

vida e morte
partida e fim
universo.

quem com venda cego se considera
queimado está para a verdade
aniquilado pelo consciente,
desesperado.


não se assuste,
ponderemos,
não desejamos isso?

"pedi ao mar que me levasse..."

2.07.2009

confie em mim... pois eu tentei...

não sou dono da verdade tampouco da mentira,
mas tenho o privilégio de observar as duas num sentido quase rotineiro.
não me permito, ainda, consentir da segunda citação,
é abominável.

não sou mais do que ninguém para te dar conselhos ou te indicar qual caminho seguir. sou só um simples mortal em ruínas que tenta transmitir aos outros um pouco de sua experiência. não tenho por objetivo incutir nas pessoas os meus ideais, muito menos as minhas crenças mais verdadeiras, mas é por um respeito natural à vida e para prevenir que outros tenham o mesmo destino que eu exponho estes pensamentos afim de, indiretamente, dar continuidade ao aprendizado que a grande maioria das pessoas absorve da pior maneira.

por isso...
se tu és uma daquelas pessoas que diz que jamais chorou por um amor, então lamento, tu jamais amaste alguém de verdade.
ou ainda, se tu és uma daquelas pessoas que diz aos quatro ventos que nunca se permitiria ser enganado, eu dedico uma lágrima de súplica aos teus protetores para que façam tu perceberes que estás vivendo perigosamente.
ainda, se tu és uma daquelas pessoas que têm o hábito de afirmar que não acredita no amor, eu fecho meus olhos, recolho minhas palavras e sigo caminho adiante, pois tu não estás pronto para a vida.

mas se tu me disseres que tens o coração machucado por amores sofridos, ou que pensaste que nunca amaria alguém como amou um relacionamento terminado, ou ainda que espera impacientemente por alguém que te completes, então sou capaz de te abraçar e dizer que tu és alguém que entende o sentido da vida.

nada pode ser mais sincero do que chorar por outra pessoa, mesmo que na verdade estejamos chorando por nós mesmos, pois o sofrimento é nosso. às vezes sentimos falta de alguém que se foi, outras vezes sentimos falta de alguém que ainda nem conhecemos, mas que nosso coração clama por um carinho, um olhar afetuoso, um beijo delicado.

entenda: não somos culpados por amar demais, nem aqueles poucos que carregam excessivas cicatrizes no peito. se os amores errados foram tantos, é porque o certo é alguém especial além das expectativas.

sonhe, viva, sorria e chore... por motivos quaisquer... mas indiferente aos rumos que a vida tomar, em hipótese alguma deixe de correr atrás de um amor... apenas o amor renova, inspira, rejuvenesce e cura.

não sou um sábio, nem um vidente, nem a pessoa mais feliz e otimista do mundo e nem a mais triste... sou um pensador concluinte. eu me afogo no sono. eu rio da minha angústia. eu choro à felicidade que vem e vai. eu sou um simples ser humano.


mas confie em mim... pois eu tentei... eu sonhei, vivi, sorri e chorei. eu sofri. afora isso, veja, eu sobrevivi.

dê-me amor, mais amor...
por favor, mais amor, senão eu...

2.05.2009

sobre mim...

eu já tenho medo do que posso fazer, eu tenho medo do que posso sentir
eu tenho medo de tudo o que estou sentindo.

eu pedi cautela para não me precipitar
e pedi paciência para não me exaltar
sobretudo pedi que me fosse dado mais segurança, mas sofri por não ter alcançado nada disso.

já não sei mais o que quero, o que faço ou o que pretendo
não sei explicar-me a mim mesmo
pode até parecer fraqueza, mas é confusão.

perdoe-me por não poder te dizer tudo o que tu queres ouvir
por não poder simplesmente sorrir e dizer que está tudo bem
eu não sou assim, eu nunca quis ser assim
falhei, por vezes, mas não me torturo por isso
todos têm chance de errar um dia.

cada vez que eu deito a cabeça no travesseiro, sou tomado por uma vontade intensa de chorar, de desabafar no pranto esse mal-estar
aí eu caio no sono
e quando acordo parece que tudo se renova, mas é uma farsa
à noite tudo volta, e eu choro mais uma vez. não me culpe por isso.

me faz tão bem saber que tu ainda pensas em mim,
mas minha cabeça insiste em lutar contra o meu coração
e, quando percebo, a tua presença já sumiu dos meus sonhos.

continuo na batalha... sei que no momento certo tudo vai acabar.


...não tenha medo, tudo ficará bem... eu sei que ficará tudo bem...

1.19.2009

meu primeiro longo epígrafe...

já é tarde...
preciso descansar...
já não vejo as cores...
já não destilo ar...*


'no princípio, apenas nuvens, depois, os pingos.
como a dor. no início, aperto, depois, desespero na forma de lágrimas.
assim foi este meu dia. tão ruim quanto eu pudesse ter previsto. prevê-lo teria sido a antecipação de um sofrimento necessário, mas somos tão pouco astutos no que diz respeito aos sentimentos.
eu não sou diferente, não em tudo.

me detive a deixar tantas palavras soltas que desolado caí numa penumbra de emoções. são tantas promessas feitas, algumas descumpridas, outras não provadas, ditas, revistas, mentidas. sou vítima de um esquema que talvez eu mesmo tenha criado, um meio de relacionamento que não interpõe muitos parênteses, que se baseia na companhia do próximo.

sou feliz ao dizer que fui agraciado com inúmeros momentos memoráveis, alegrias, risos, até o choro compartilhado. jamais teria a ousadia suficiente para contradizer os dias felizes que vivenciei ao lado de quem amo. como já disse, sou apenas uma vítima de mim mesmo.

mas eu chorei. eu derramei lágrimas por motivos tão óbvios que posso considerar, por ora, incabível a idéia de permitir a mim mesmo sofrer por isto. condicionei minhas próprias crenças a um estado de importância quase irracional. deixei-me afundar no pranto de um coração machucado, até que meus olhos ardessem em amargura, que minha cabeça latejasse em fúria e que meus lábios tremessem em mágoa.

mas todos sabemos que os contos de fadas existem único e exclusivamente no papel e na imaginação de seus autores. somos tão cruéis com nós mesmos que costumamos deixar de lado a nossa proteção, o nosso sentido crítico e nossa segurança. constantemente abrimos nossa defesa para um amigo, um amor, uma lágrima do mais desconhecido, sem nos darmos conta de que isso pode trazer consequências, ainda que isso, nem sempre, seja a pior causalidade.

quase sem sentidos...
mal posso respirar...
preso a mim mesmo...
meus pés não tocam o chão...*

dói-me, sobretudo, saber que tudo pudera ser evitado, mas foi por insistência de uma solidão duradoura que procurei me entregar ao calor de braços sinceros. eu quis perder meu tempo com quem merecia... meus passos já não condizem com meu caminho... agora só me resta chorar, chorar para encontrar, no fundo de meus olhos e de minha dor, a resposta para o que eu quero da minha vida.

'e senti como se alguém apertasse meu coração, e o choro veio, sem impedição, sem fraquejar, tomar conta do meu profundo olhar azul... nada pode ser mais sincero do que meu olhar...

'como a dor, um aperto. caminhando na chuva, escorrendo a água aos ombros, no choro. cada poça nesta longa estrada contém resquícios de minha tristeza.


*Pânico - Reação em Cadeia